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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Anemia: considerações gerais

Autor:
Prof. Caetano Baptista Neto


A anemia é uma doença hematológica que ocorre quando há diminuição do número de células sangüíneas - glóbulos vermelhos (hemácias), decréscimo da concentração da proteína hemoglobina na hemácia - responsável pelo transporte de oxigênio para as células do corpo - e/ou redução do hematócrito. Existem vários tipos de anemias. A classificação mais abrangente é a avaliação em relação ao volume do eritrócito (glóbulo vermelho) por falta de algum elemento vital e pela concentração de hemoglobina. Qualquer alteração que ocorra nas hemácias, de ordem quantitativa e qualitativa, haverá um distúrbio a ser diagnosticado e tratado.
Estima-se que para cada 1000 pessoas são encontrados cerca de 18 casos de anemia por ano. É uma patologia relativamente comum e de extrema importância em um atendimento médico-odontológico com intervenção invasiva, principalmente, como as cirurgias gerais e bucais. Qualquer procedimento cirúrgico deve se adiado, quando este for eletivo, ou cuidadosamente controlado durante o ato operatório. Caso contrário o paciente não terá condições boas de recuperação / cicatrização e poderá entrar em choque hemorrágico, correndo risco de morte.
A causa mais direta das anemias é a perda excessiva de sangue, seja por um trauma físico ou por doenças que levam a perda sangüínea, até menstruações abundantes podem favorecer tal episódio, por volta de 10 a 20% das mulheres. Frente a um sangramento visível é fácil detectá-lo e saná-lo. O mesmo já não acontece em hemorragias ocultas, como as gastrites e lesões intestinais, as quais podem proporcionar sangue nas fezes de difícil constatação a olho nu. Nestes casos o exame laboratorial é fundamental para tal averiguação, claro que amparado por suspeitas clínicas condizentes.
Em acidentes, cirurgias de grande porte, ou pacientes com distúrbios hemorrágicos, a diminuição dos elementos sangüíneos ocorre de forma brusca. Estes componentes são responsáveis pela oxigenação e nutrição de nossos tecidos, sua carência deve ser rapidamente revertida através da reposição de unidades de sangue para que o indivíduo não entre em estado de choque. Este zelo é tomado tanto pelos médicos como os dentistas, pois através da anamnese e exame físico do paciente é possível levantar suspeitas sobre as possíveis patologias existentes que possam intervir no processo anêmico.
Outro fator responsável pelas anemias é a deficiência de certos elementos que fazem parte da formação e constituição das hemácias. Os mais destacados são: o Ferro, ácido Fólico (Folato) e a vitamina B12. A carência de um deles é suficiente de ocasionar o distúrbio. Pois o glóbulo vermelho será formado de forma deficiente e insatisfatória para exercer sua função.
A carência de Ferro é explicada pelo desfalque agudo ou crônico de sangue, seja pela ingestão insuficiente de Ferro, ou sua má absorção. Alguns remédios são responsáveis por esta inadequada absorção, como alguns antiácidos tomados pelo indivíduo (automedicação) em longo prazo.
A deficiência de vitamina B12 não se dá preferencialmente pela dieta, mas sim pela absorção inadequada por falta de um fator produzido pelo estômago que auxilia o processo de captação.
O Folato advém da alimentação, se esta estiver insatisfatória haverá anemia por deficiência, ou por má absorção de tal substância. O uso do álcool e certos medicamentos podem interferir neste último evento.
Encontram-se, ainda, as anemias: por desordem genética, como as Talassemias (Maior e Menor); doenças hepáticas; doenças pré-leucêmicas; hipotireoidismo; anemias hemolíticas; dentre outras.
As anemias apresentam manifestações clínicas sistêmicas e bucais que auxiliam a suspeita diagnóstica. Estas serão abordadas no próximo artigo.

Artigo Publicado no Jornal Primeira Página de São Carlos, coluna semanal -Saúde Bucal- 15/01/2002

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